O teatro de São Carlos ocupou desde a sua fundação um local priveligiado no âmbito da vida social lisboeta, constituindo simultaneamente um elemento dinamizador da mesma e à volta do qual se passam a organizar todos os demais programas recreativos da corte e da alta sociedade. Muitas vezes esteve em íntimo contacto com o estado político e social do país, na medida em que aí se realizavam espectáculos líricos solenizando acontecimentos memoráveis. No final do séc. 19 tornaram-se frequentes os espectáculos de feição benemérita, animados pela presença do rei e do povo, mas com a quase completa abstenção da alta sociedade. O empresário José Paccini (a partir de 1897) procura reverter a situação, insistindo numa rigorosa selecção do público, proibindo para isso a locação dos bilhetes, reduzindo o "carácter humanitário" dos espectáculos e os poucos privilégios que as classes menos abastadas ali podiam usufruir, suprimindo por exemplo as galerias da 3ª ordem. O Conde de Farrobo conservou para si um camarote contíguo ao do da família real e a ele tinha acesso por túnel desde sua casa, numa das ruas paralelas.